Irmã Adonília Ramos nasceu no dia 13 de maio de 1888, dia da Abolição da Escravatura no Brasil. Descendente de pessoas escravizadas, ela viveu até aproximadamente 2002, alcançando a impressionante idade de 114 anos. Ao longo de sua vida, Adonília enfrentou dificuldades, humilhações e perseguições, principalmente por sua fé inabalável na palavra de Deus, mas jamais desistiu. Ela se manteve firme em sua crença até o momento em que Deus a chamou.
Adonília foi uma das primeiras pessoas a aceitar a mensagem pentecostal trazida por Otto Nelson e a irmã Joaquina Carvalho à região de Boca do Córrego. Conforme relatado, Otto Nelson costumava iniciar suas pregações falando em línguas, o que causava desconforto e resistência entre os vizinhos, que tentavam atrapalhar os cultos, fazendo barulho durante as mensagens. Em um episódio de humilhação, colocaram uma cangalha em vez de uma sela no animal que ele usava para se locomover, mas Otto permaneceu firme em seu propósito. Com o tempo, aqueles que zombavam de sua fé se renderam à palavra e receberam o batismo com o Espírito Santo.
Adonília teve uma filha, Edinalva Santos Mendes, conhecida como Irmã Dina, que seguiu o exemplo da mãe e também foi ativa na igreja. Dina nasceu em 25 de maio de 1934, em Belmonte, e foi batizada na fé cristã no dia 28 de abril de 1968, em Boca do Córrego. Dina, assim como sua mãe, demonstrou dedicação à fé e à comunidade.
A irmã Adonília relembra que, mesmo em meio às dificuldades, ela nunca abandonou seus hábitos diários de oração. Apesar de sua deficiência visual, continuava a realizar todos os seus afazeres domésticos. Além disso, gostava de conversar e compartilhar a mensagem de salvação, cura e batismo com o Espírito Santo, sempre lembrando a todos da promessa de que Jesus voltará.
Adonília e seu esposo, Luiz Ramos da Silva, eram vizinhos da igreja em Boca do Córrego, e a água usada para a construção da igreja era retirada de um poço no quintal deles. Ela teve um filho, Valdomiro Ramos Silva, nascido em 31 de maio de 1921. A dedicação de Adonília à fé e sua disposição em servir são lembradas até hoje pela comunidade, como uma figura de resistência, inspiração e devoção na Assembleia de Deus em Boca do Córrego.
Créditos
A elaboração e estruturação deste conteúdo foram realizadas pelo Pb. Miquéias Reale, de Valença, Bahia, com contribuições essenciais da Irmã Mirian Lima Andrade, de Boca do Córrego, Belmonte, Bahia. A colaboração entre eles permitiu resgatar e preservar esta importante história de fé e perseverança para as futuras gerações.
