Nascimento e Infância
Pedro Pereira da Silva nasceu em 24 de abril de 1920, em Canavieiras, uma cidade costeira do estado da Bahia, Brasil. Filho de Nicolau Pereira da Silva e Gertrude Maria de Jesus, Pedro cresceu em uma família humilde e religiosa, o que desde cedo o moldou em termos de valores e caráter. Desde jovem, já se destacava pelo comportamento exemplar, sendo conhecido por sua educação e respeito para com todos, embora fosse naturalmente tímido e reservado. Essa timidez, no entanto, não o impedia de falar sobre o que mais lhe tocava o coração: Jesus Cristo.
Conversão e Dedicação ao Evangelho
Durante sua juventude, Pedro teve uma experiência profunda com Deus, que o levou a entregar sua vida a Cristo e a se dedicar completamente ao evangelho. Em 14 de dezembro de 1941, aos 21 anos, foi batizado nas águas, marcando o início de sua caminhada pública de fé e consagração. Após o batismo, sua vida mudou significativamente, e Pedro passou a ser uma figura ativa nas atividades da igreja, participando de cultos, reuniões de oração e visitas missionárias. Desde o início, demonstrava um zelo inigualável, guiado pelo desejo de levar a Palavra de Deus a todos os lugares que pudesse alcançar.
Primeiras Missões e Serviço na Igreja
Pedro logo se destacou por seu espírito missionário, participando de várias viagens para evangelizar em regiões próximas e distantes. Mesmo sem grandes recursos, se empenhava em fazer a obra, sempre disposto a caminhar grandes distâncias a pé ou a cavalo para levar o evangelho a localidades remotas. Visitava fazendas, povoados e pequenas comunidades, anunciando a mensagem de Cristo. Durante essas viagens, enfrentava condições adversas, mas nunca reclamava. Pedro levava consigo uma mensagem simples e direta, sempre enfatizando que “só Jesus cura, salva e batiza com o Espírito Santo.”
Consagração a Presbítero e Primeiros Desafios Ministeriais
Em 16 de outubro de 1966, Pedro foi consagrado presbítero, um momento importante em sua vida ministerial, sendo o segundo presbítero consagrado nas Assembleias de Deus do estado da Bahia, sob a liderança do pastor regional José da Silva Santana, que cuidava de várias igrejas na região, incluindo Boca do Córrego, onde Pedro era muito respeitado e querido. Nessa época, a igreja de Boca do Córrego ainda era um modesto templo de tábua, que ele ajudou a reformar e expandir. Esse antigo templo foi demolido, e um novo foi construído, sendo inaugurado em 9 de setembro de 1973.
Como presbítero, Pedro assumiu a responsabilidade de liderar a congregação, e seu papel foi fundamental para o crescimento da igreja e fortalecimento da fé da comunidade. Dedicava-se de corpo e alma ao trabalho pastoral, sempre visitando os membros, aconselhando famílias e cuidando dos necessitados. Além disso, era um exemplo vivo de dedicação e amor ao próximo, ajudando a todos sem pedir nada em troca.
O Chamado Missionário e as Viagens de Evangelização
O presbítero Pedro foi um evangelista por excelência, e seu amor pelo campo missionário o levou a percorrer diversas localidades. Viajava frequentemente a pé ou a cavalo para alcançar comunidades isoladas em cidades como Mascote, Santa Luzia, Itapebi, Pimenteiras, Santa Maria Eterna e Salto Grande (atualmente conhecida como Salto da Divisa). Em suas jornadas, Pedro visitava pequenas fazendas e vilarejos, sempre buscando oportunidades para pregar a Palavra de Deus. Ele tinha o cuidado de esperar pacientemente até que os moradores voltassem do trabalho no campo para compartilhar com eles a mensagem do evangelho.
Uma das características marcantes de seu ministério era a humildade. Costumava esperar à beira dos rios ou embaixo de árvores, respeitando o horário das famílias, para depois se aproximar e pedir licença para falar sobre Deus. Sua abordagem era sempre respeitosa e cuidadosa, e ele fazia questão de ser breve e direto, para não incomodar os anfitriões. Seu objetivo era claro: alcançar o máximo de pessoas possível, independentemente das dificuldades que pudesse enfrentar.
Durante essas missões, Pedro teve encontros memoráveis. Em uma das comunidades que frequentava, uma senhora, comparada à Sunamita bíblica, o acolhia em sua casa e oferecia refeições, percebendo que a dieta de Pedro durante as viagens era simples, consistindo apenas de rapadura e farinha. A hospitalidade dessa mulher se tornou uma bênção para ele, que a reconhecia como enviada por Deus para ajudá-lo em sua jornada missionária.
Consagração a Pastor e o Respeito da Comunidade
No dia 5 de junho de 2011, já com 91 anos de idade, Pedro foi consagrado pastor, um momento que marcou o ápice de sua longa trajetória ministerial. Essa consagração foi um reconhecimento da sua dedicação ao longo de décadas de serviço fiel e comprometido. Mesmo em idade avançada, sua consagração como pastor reafirmava o respeito e a admiração que ele conquistou junto à igreja e à comunidade. Era visto como um líder espiritual de grande sabedoria, experiência e humildade.
Após a consagração, Pedro continuou ativo na igreja, ainda que já não tivesse a mesma força para realizar as longas viagens que fazia anteriormente. Dedicou-se mais aos cultos locais, à Escola Bíblica Dominical e às campanhas de oração, mantendo o hábito de chegar sempre antes dos demais para orar. Seus momentos de oração eram conhecidos por sua intensidade e fervor, mesmo sendo orações curtas e simples, era notório sua intimidade com Deus e sua plena confiança no poder do Senhor.
Legado e Influência Espiritual
Pedro Pereira faleceu em 2016, aos 96 anos, deixando um legado que continua a inspirar muitos até hoje. Ele é lembrado não apenas como um pastor, mas como um verdadeiro servo de Deus, cuja vida foi marcada pela fé, humildade e devoção ao evangelho. Entre suas passagens favoritas estava Efésios 6:10: “No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder,” que compartilhava frequentemente com os irmãos da igreja. Ele também gostava de cantar o hino “O Homem de Branco,” que falava sobre Jesus e simbolizava sua esperança eterna.
Reconhecimento e Memórias Pessoais
Durante os últimos anos de sua vida, Pedro foi presenteado com uma casa construída pela convenção, simples, porém acolhedora e próxima à igreja. Esse gesto foi uma forma de reconhecimento e gratidão pela sua dedicação ao longo de tantos anos. Ali, viveu em paz e conforto, servindo ao Senhor com dedicação e cercado pela comunidade que tanto amava.
Miriam Lima Andrade, uma de suas admiradoras, relatou com carinho o impacto que ele teve em sua vida. Ela o descreveu como uma figura serena, sempre indo à igreja com seu terno cinza, chapéu escuro e Bíblia em mãos. Para ela e muitos outros, Pedro Pereira foi um exemplo de vida cristã, inspirando-a a seguir o caminho do Senhor e a buscar ser uma pessoa de fé como ele foi.
Conclusão
O pastor Pedro Pereira da Silva deixou uma marca indelével na história da igreja e na vida de todos que tiveram o privilégio de conhecê-lo. Seu exemplo de fé, humildade e serviço é uma inspiração para as futuras gerações, mostrando que uma vida dedicada a Deus pode fazer a diferença na vida de muitas pessoas. Hoje, seu legado permanece vivo, e sua trajetória continua a ser lembrada e celebrada por aqueles que foram impactados pelo seu testemunho de vida e compromisso com o Reino de Deus. Que sua memória continue a iluminar o caminho de todos que buscam viver uma vida de fé e obediência a Deus.