Biografia Pastor Teodoro Feliciano Santana:  Primeiro Pastor da Assembleia de Deus na Bahia

Teodoro Feliciano Santana nasceu em 7 de janeiro de 1888, na cidade de Santo Antônio de Jesus, na Bahia. Era filho de José Feliciano Santana e Maria Feliciana de Jesus, ambos crentes batistas comprometidos com a fé cristã. Desde cedo, foi introduzido aos valores da Palavra de Deus e ao ambiente de devoção que moldaria seu caráter. Em 1910, aos 22 anos, Teodoro entregou sua vida a Jesus Cristo e, no dia 13 de maio de 1913, foi batizado nas águas, consolidando sua decisão de servir ao Senhor.

No dia 4 de dezembro de 1914, Teodoro casou-se com Rosa Maria Damasceno, uma mulher que seria não apenas sua esposa, mas também sua fiel companheira no ministério. Juntos, enfrentariam desafios e edificariam uma obra que marcaria a história do Pentecostalismo na Bahia. Teodoro foi consagrado diácono da Igreja Batista e, durante anos, serviu de forma zelosa, demonstrando um profundo amor pela Palavra e pelas almas.


O Encontro com o Pentecostalismo

Por volta de 1919, a mensagem pentecostal chegou à Bahia por intermédio da irmã Joaquina Carvalho, uma mulher que havia recebido essa fé diretamente de missionários suecos Daniel Berg e Gunnar Vingren em Belém do Pará. Joaquina trouxe à região a notícia de um avivamento espiritual, com batismos no Espírito Santo e manifestações sobrenaturais, despertando a curiosidade de muitos. Teodoro, que era um estudioso da Bíblia e buscava experiências mais profundas com Deus, ouviu sobre esse movimento e decidiu investigar.

No final de 1925, Teodoro participou de um culto de vigília na localidade de Boca do Córrego, um pequeno vilarejo às margens do rio Jequitinhonha, no município de Belmonte. Durante esse culto, teve uma experiência transformadora: recebeu o batismo com o Espírito Santo. Essa vivência marcou sua vida de forma irreversível. Ele passou a defender a mensagem pentecostal com fervor e, em consequência disso, foi desligado da Igreja Batista, que não aceitava esse novo movimento. Apesar disso, Teodoro uniu-se aos primeiros crentes pentecostais da Bahia, ajudando a formar o núcleo inicial da Assembleia de Deus no estado.


Preparação Ministerial e Consagração

Reconhecendo o chamado de Teodoro, o missionário sueco Otto Nelson, que liderava a obra pentecostal em Recife e Alagoas, convidou-o para um período de preparação ministerial. Em 1928, Teodoro passou meses em Recife e Maceió, sob a orientação direta de Otto Nelson, aprofundando seus conhecimentos teológicos e sua capacitação para o pastoreio. Otto via em Teodoro um líder em potencial, capaz de levar a mensagem pentecostal para os rincões da Bahia.

Finalmente, em 12 de outubro de 1929, durante uma grande festividade em Canavieiras, Otto Nelson consagrou Teodoro Feliciano Santana como o primeiro pastor da Assembleia de Deus na Bahia. Esse momento histórico foi presenciado por uma multidão, incluindo líderes e crentes das localidades vizinhas reunidos em celebração. A consagração de Teodoro simbolizou o início de uma nova era para o Pentecostalismo no estado.


A Família e o Ministério

Teodoro e Rosa Maria Damasceno tiveram uma parceria extraordinária no ministério, Rosa, desempenhou um papel essencial na expansão do trabalho pentecostal na Bahia. Ela foi mais do que uma companheira de vida; foi uma verdadeira auxiliadora no ministério, atuando de forma ativa e indispensável na obra do Senhor. Reconhecida por seu espírito acolhedor e habilidade em ensinar, ajudava os novos convertidos a ler e escrever, o que era especialmente importante em uma época marcada pelo analfabetismo nas regiões rurais. Além disso, ensinava a pregar a Palavra de Deus e a cantar os hinos da Harpa Cristã, desempenhando o papel de uma educadora espiritual e prática, com impacto profundo na formação das primeiras gerações de crentes.

Rosa também era responsável por gerenciar as questões domésticas e ajudar na economia da casa. Em um tempo em que os pastores não recebiam sustento regular das igrejas, Rosa fazia quitutes, lavava roupas e realizava outras atividades para complementar a renda familiar. Sua casa se tornou um verdadeiro centro de acolhimento e discipulado, recebendo novos convertidos e irmãos necessitados com amor e cuidado.

Além de suas contribuições práticas, Rosa foi uma líder espiritual. Na construção do templo do Rio São Pedro, desempenhou um papel fundamental, incentivando as mulheres da igreja a se envolverem na obra de Deus por meio de trabalho, oração e doações. Sua dedicação inspirou muitas outras mulheres a participarem ativamente do ministério e da expansão do Evangelho. Mesmo após o seu falecimento, sua memória permaneceu viva como um exemplo de fé, força e serviço.

O casal teve os seguintes filhos:

  1. Abner Santana Damasceno, filho primogênito, casado com Idália Marques Santana, com quem teve:
    • Abner Santana Damasceno Júnior
    • Amiraci Marques Santana (hoje Carmo)
    • Asser Marques Santana
    • Araci Marques Santana
    • Assemirames Marques Santana
  2. Filhos do primeiro relacionamento de Abner:
    • Iulo Ferreira Santana
    • Mara Rúbia Ferreira Santana
    • Teodoro Ferreira Santana
    • Iracílio Ferreira Santana
  3. Aidê Santana Silva, filha caçula, casada com Santos Ferreira, com quem teve:
    • Santes Santana Silva Júnior
    • Simei Santana Silva
    • Roseane Santana Silva
    • Jesaias Santana Silva

Após o falecimento de Rosa, Teodoro casou-se com Romana Santana, que ele renomeou como Romilda, também uma fiel apoiadora de sua jornada ministerial nos anos finais de sua vida.


O Campo Missionário e a Construção de Templos

Após sua consagração como pastor, Teodoro concentrou seus esforços em evangelizar as regiões de Canavieiras, Itabuna e Belmonte, estendendo o trabalho para municípios vizinhos como Mascote, Pau Brasil, Camacã, Santa Luzia, Arataca, Jussari e Una, além dos distritos de Itaimbé e Palmira. Teodor viajava frequentemente a cavalo ou de barco para alcançar localidades remotas, enfrentando dificuldades com fé e determinação. Apesar das oposições e dos desafios logísticos, nunca esmoreceu, sempre buscando expandir a obra de Deus.

No distrito de Jacarandá, o trabalho enfrentou forte resistência, inclusive de outras denominações religiosas. A obra não prosperou, e o distrito acabou desaparecendo com o surgimento de Santa Luzia. Entretanto, em lugares como Boca do Córrego e Rio São Pedro, a evangelização floresceu, com a construção de templos e o crescimento vigoroso das congregações. Esses templos não eram apenas espaços de culto, mas verdadeiros marcos espirituais que sustentavam a expansão da fé pentecostal.

Relatos no Mensageiro da Paz

Os feitos de Teodoro foram documentados no Mensageiro da Paz, órgão oficial das Assembleias de Deus no Brasil, destacando o impacto de seu ministério na Bahia. Alguns dos principais eventos relatados incluem:

  • 1938: Relato sobre a construção dos templos em Boca do Córrego, São Pedro e Jussarí, além da realização de batismos regulares em Canavieiras, Itabuna e Belmonte. Clique para acessar.
  • 1941: Visita do missionário Aldor Petterson, época em que foi inaugurado o templo de Boca do Córrego e novos templos no Rio São Pedro e Jacarandá. Esse período foi marcado por grande avivamento espiritual. Clique para acessar.
  • 1949: Lançamento da pedra fundamental do templo em Canavieiras, com uma cerimônia que reuniu 500 pessoas e marcou o crescimento e a consolidação da congregação local. Clique para acessar.

Boca do Córrego

Boca do Córrego, onde a mensagem pentecostal chegou à Bahia, tornou-se um marco histórico na obra de Teodoro. Foi ali que ele liderou a construção de um dos primeiros templos da Assembleia de Deus no estado. Em 1941, conforme relatado no Mensageiro da Paz, o templo foi inaugurado em um evento que reuniu crentes de diversas localidades. Durante os cultos de inauguração, houve intensas manifestações do poder de Deus, incluindo conversões e batismos no Espírito Santo.

Este templo serviu como base para a expansão da obra evangelística em toda a região. Mais do que um espaço físico, simbolizava a união dos crentes e o compromisso com a propagação do Evangelho. Até hoje, é lembrado como um marco espiritual para a Assembleia de Deus na Bahia.

Jussarí

O trabalho em Jussarí demonstrou a perseverança de Teodoro em expandir a obra de Deus, mesmo diante de grandes desafios. Conforme relatado no Mensageiro da Paz de 1938, o templo de Jussarí foi construído em meio a oposição e dificuldades. Embora menor em comparação aos templos de Boca do Córrego e Rio São Pedro, desempenhou um papel vital como ponto de apoio para os crentes da região, proporcionando um espaço fixo para os cultos e reuniões.

Teodoro via na construção de templos uma forma de consolidar a obra e garantir que os crentes tivessem locais adequados para adorar e crescer espiritualmente. Sua dedicação ao trabalho em Jussarí reflete seu compromisso inabalável com a expansão do Evangelho, não obstante as adversidades.


Rio São Pedro: O Templo e o Sítio

O templo no Rio São Pedro, localizado na zona rural de Santa Luzia, é frequentemente citado como um dos maiores legados deixados pelo pastor Teodoro. Construído em um sítio próximo ao rio, o local não serviu apenas como espaço de culto, mas tornou-se um importante centro espiritual e de formação ministerial. Ali, Teodoro organizava encontros anuais entre o Natal e o Ano Novo, reunindo pastores, obreiros e crentes para períodos intensos de jejum, oração e estudos bíblicos. Esses eventos eram marcados por profundas manifestações do poder de Deus, incluindo batismos no Espírito Santo, curas e conversões.

A construção do templo contou com o apoio de membros da comunidade, incluindo não-crentes, que, tocados pelo testemunho de Teodoro e Rosa, decidiram contribuir de forma significativa. A localização estratégica, próxima ao rio, permitia a realização de batismos nas águas, que se tornaram grandes eventos comunitários, cheios de alegria e renovação espiritual.

Durante os encontros realizados no sítio, muitos líderes foram consagrados e preparados para o ministério, fortalecendo a estrutura da igreja na Bahia. O templo também foi palco de avivamentos, com manifestação poderosas da presença do Espírito Santo, renovando a fé dos presentes e impactando a comunidade local. Este lugar continua, até hoje, como um símbolo da dedicação de Teodoro ao evangelismo e à formação de líderes, sendo lembrado por sua importância histórica e espiritual para a Assembleia de Deus na Bahia.


Últimos Anos e Legado

Teodoro continuou ativo no ministério até 1973, quando, devido à saúde debilitada, entregou a liderança do campo à Convenção Estadual em Salvador e retirou-se para Itabuna, onde viveu com os filhos até seu falecimento em 21 de setembro de 1977, aos 89 anos.

Seu legado permanece vivo através das igrejas que ajudou a plantar, dos líderes que formou e das vidas transformadas por meio de seu ministério. Teodoro é lembrado como um verdadeiro pioneiro, cuja fé e dedicação abriram caminho para o Pentecostalismo na Bahia.


Créditos e Fontes

Este trabalho é fruto da pesquisa e dedicação do Pastor Gideão Silva Santos, de Salvador, Bahia, responsável pela localização das edições do Mensageiro da Paz que registram esses relatos históricos. A extração, organização e estruturação das informações foram realizadas pelo Pb. Miquéias Reale, de Valença, Bahia, com o objetivo de compilar e preservar a memória da expansão da Assembleia de Deus na Bahia.

Além disso, este trabalho foi enriquecido por depoimentos e informações históricas fornecidas por Amiraci Marques Santana Carmo, neta do Pastor Teodoro Feliciano Santana, que compartilhou relatos detalhados sobre sua vida, obra e legado, complementando a história com detalhes familiares e espirituais de grande relevância.

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